domingo, junho 24, 2007

É uma sorte tê-las connosco

Perseguida desde sempre por ser associada ao azar e mau presságio, a coruja-das-torres (tyto alba), pertencente à ordem das Strigiformes e à familia Tytonidae é contudo um predador útil para o controlo de roedores e pragas responsáveis pela destruição de culturas e propagação de doenças pois a sua dieta baseia-se essencialmente em ratos e insectos. Foi durante um dos famosos passeios de fim-de-semana que dê de caras com este ninho. Como se pode constatar, esta espécie nidifica em construções abandonadas tais como montes, moinhos, chaminés ou ainda em torres (daí o nome), igrejas, celeiros ou campanários ou então em cavidades nas rochas ou em troncos ocos.
A nidificação ocorre na Primavera estendendo-se de Março a Junho. A postura varia entre 2 a 14 ovos mas frequentemente situa-se entre os 4 e os 7 ovos. Os ovos são postos, sobre um tapete de regurgitações, de 2 em 2 dias e a incubação dura cerca de um mês. As corujas são geralmente monogâmicas ficando a incubação a cargo da fêmea estando o macho encarregado de trazer alimento. Estima-se que durante a época de reprodução um casal de corujas consegue capturar cerca de 25 ratos por noite. Esta ave tem por hábito balançar-se para os lados e soprar ruidosamente para se defender dos seus predadores. O seu comprimento é de cerca de 35 cm e a sua envergadura varia entre os 85 e os 93 cm sendo que o seu peso se situa entre as 200 e as 400 gr. A sua plumagem é branca salpicada de negro no ventre e dourado nas costas e cabeça com excepção da face que também é branca. Possui patas longas e os olhos negros. Uma das caracteristicas identificadoras desta espécie é a sua face em forma de coração. A sua face ligeiramente côncava e o formato acima descrito fazem desta uma autêntica antena parabólica ampliando de tal forma os ruídos provocados pelos animais que captura no sentido de os localizar que consegue detectar o som de uma pequena palha a quebrar à passagem de uma potêncial presa sobre ela a dezenas de metros de distância. Experiências levadas cabo com animais em cativeiro demonstraram que as corujas conseguem capturar as suas presas na mais perfeita escuridão. Os seu ouvidos são assimétricos o que permite a localização rigorosa dos animais que caça. Aliado a tudo isto temos ainda o facto destas aves conseguirem voar no mais absoluto silêncio pois a plumagem da coruja amortece o ruído do bater das asas. Não admira pois que com tais «poderes» e com o seu aspecto bizarro estes animais fossem encarados como seres sobrenaturais.
Depois de comerem, as corujas expelem pelo bico uma massa ovoide que contém tudo aquilo que não conseguem digerir tal como ossos, pêlos e penas. A esta regurgitação dá-se o nome de plumada ou egagrópila e encontram-se perto dos locais habituais de pouso da ave. A sua análise permite conhecer o regime alimentar destas rapinas. A coruja-das-torres alimenta-se essencialmente de ratos, ratazanas, musaranhos, pardais, lagartixas, rãs e insectos.










domingo, junho 10, 2007

O que os media ocidentais não mostram

Vou apresentar-vos algo que não passa nos noticiários dos orgãos de comunicação social ocidentais - em particular nos portugueses - não obstante alguns terem passado no inicio por alguma razão acabou. Mas porque o direito à informação existe, o Pedra pretende informar quem o visita mostrando o outro lado. O lado americano não é aqui explicitado porque esse é amplamente divulgado de modo que divulgá-lo aqui seria de uma insignificância absurda e pura perda de tempo. Agora quem quer ser informado já não precisa de procurar muito... já eu o fiz...

Atiradores furtivos (snipers), emboscadas, engenhos explosivos improvisados (IED), armamento ligeiro, foguetes RPG, lança-granadas, bombistas suicidas eis uma panóplia de recursos baratos que têm feito miséria entre as tropas de ocupação. O invasor vive momentos de terror - não admira que lhes chamem terroristas. Os caríssimos meios tecnológicos ao dispor do proclamado exército mais poderoso do planeta nada podem contra a resistência iraquiana e os generais ditos especialistas em contra-terrorismo (refiro-me ao general americano Petraeus - já repararam que até tem nome romano) vêm as sua estratégias ruir diáriamente como castelos de cartas.
Dia após dia o ocupante é flagelado pela resistência que não dá mostras de aliviar a pressão bem pelo contrário, os dispendiosos equipamentos ao serviço dos exércitos de ocupação são reduzidos a sucata e nas suas fileiras as baixas vão sendo cada vez maiores.

Pode parecer contraditório da minha parte em postagens anteriores condenar actos bombistas e apelar a que não se glorifique ou não haja branqueamento do terrorismo ou de quem participou em actos dessa natureza e noutras patrociná-los mas (e há sempre um mas) serão as operações levadas a cabo contra um exército que ocupa um país e o tem destruido e saqueado sistemáticamente e que até pelo que se disse anteriormente nada tem de fraco serem considerados actos de terrorismo? A questão nada tem de linear e tanto assim é que por variados motivos ainda não se conseguiu chegar a um consenso internacional acerca da definição de terrorismo. Onde acaba o terrorismo e onde começa a resistência legítima? E quantos tipos de terrorismo existem? Não haverá também terrorismo de Estado? Terrorismo ecológico? Não será o contra-terrorismo ele também terrorismo, etc? Não é fácil!

Actos violentos levados a cabo (nunca contra as populações civis) em países ditatoriais por grupos que lutam pela democracia (e vamos partir do princípio que é esse o seu real objectivo e que têm o apoio da maioria da população pois ninguém gosta de viver oprimido) serão terrorismo? Lembremos que a oposição política convencional, pela palavra, está excluída pois não esqueçamos que o país é uma ditadura e que não existe liberdade de expressão o que implicaria a prisão e algo mais de quem fizesse tal oposição. O que resta pois para lutar contra esta situação? Mas os mesmos meios usados em países democráticos já serão totalmente inaceitáveis pois existe libredade de expressão e é totalmente ilegitimo usar actos de violência para impor as suas ideias. Para mim a luta armada só pode ser usada em último mas mesmo em último recurso e repito sempre respeitando as populações civis que não podem ser usadoas como escudos humanos, forçadas ou violentadas. Mas as coisas serão assim tão lineares?

Países invadidos por outro mais forte ditadura ou não; será legítima a sua resistência? Mais uma vez a questão não é linear...

FALINTIL vs exécito indonésio - terrorismo ou resistência (para os indonésios terrorismo para nós e para a esmagadora maioria do povo timorense luta pela liberdade). A questão é relativa; como se vê depende do ponto de vista e provavelmente reside aí a dificuldade maior na definição de terrorismo. Xanana Gusmão - Líder da resistência ou Líder terrorista?
Para os estados, para a situação é sempre terrorismo! Pretendiam os indonésios libertar Timor das garras do comunismo mas depois foi o que se viu...
Procurando mais longe nos séculos deparamo-nos com Viriato e os Lusitanos. Para o invasor romano eram salteadores. Ou seria apenas um povo a lutar contra o invasor?!
Lembremos as invasões napoleónicas. Vinham os franceses a Portugal espalhar os ventos da Liberdade, Igualdade e Fratrenidade e livrar-nos do obscurantismo; vinham por assim dizer libertar-nos (onde é que eu já ouvi essa?) - esse era o seu argumento.... falacioso; o que de facto pretendiam era a supremacia, a conquista da Europa. O que trouxeram? A selvajaria e o saque. A face mais visível do terror era o general Louis-Henri Loison, o tristemente célebre Maneta que não perdoava quem fosse levado à sua presença. Tal não foi a repressão implacável que levou a cabo e o medo despertado que ainda hoje, em boa parte do país, quando algo se perde irremediávelmente se diz que foi p´ró Maneta. Eu próprio uso essa expressão amiude! Lembremo-nos que havia grupos de guerrilha contituidos por patriotas, talvez gente que pertencia ao desbaratado exército português mas não apenas que actuavam contra a tropa francesa. E o que eram para o invasor? Nem mais - grupos de salteadores, bandidos. Depois vieram os ingleses que de facto nos ajudaram, nos libertaram do invasor francês mas que depois se assumiram como libertadores (sempre a promessa de liberdade) e protectores e iam ficando e saqueando até os obrigarmos a retirar. Ainda hoje tanto em França como na Inglaterra existem tesouros portugueses expostos em museus provenientes desses saques e que nunca mais nos forma devolvidos. Então e aqueles que lutaram pela independência dos EUA? O que é que eles eram para os britânicos? Vejam se adivinham... Isto dos libertadores tem muito que se lhe diga!
Sempre a História a ensinar-nos e nós só temos que a aprender e compreender!

Quanto ao que se passa no Iraque , bombaredamentos, assassinios e tortura (pela aviação e exército ocupante) contra as populações civis, actos bombistas, massacres, raptos, tortura, decapitações contra as populações civis mais uma vez por grupos que actuam no Iraque, são actos deploráveis verdadeiramente terroristas. Mas quando as acções são contra um exército estrangeiro e que já devia ter partido há muito - relembre-se que o seu objectivo era derrubar a ditadura e libertar o povo iraquiano. Foi conseguido e o ditador e seu colaboreadores directos foram mortos (não interessa aqui agora a forma como o foram nem a foram como decorreu o julgamento - foram mortos e pronto) - já a coisa muda de figura. Argumentam os americanos que se retirassem «davam a vitória aos terroristas». E não a deram quando decidiram invadir o Iraque? Mas se retirassem acabaria a luta armada? Penso que não e emergiria outro ditador nos mesmos moldes do anterior. Democracia no Iraque - pura utopia, só na cabeça do Bush... a democracia tem que surgir naturalmente e não ser imposta abruptamente... à bomba; uma lição para o futuro. Agora o que é que têm? Atoleiro, pantâno um autêntico imbróglio que não tem solução militar (nem mesmo para a superpotência) mas política.

Se o Iraque fosse pacificado e não houvesse luta armada e a democracia e a paz triunfassem retirariam? É para mim óbvio que não. Ficariam usando outros argumentos, talvez o argumento paternalista do protector, para justificar a sua presença, pois o seu real objectivo é a supremacia e o dominio geo-estratégico da região, o controlo dos recursos energéticos, recursos petroliferos. A Democracia e a Liberdade são apenas conversa fiada. Em política e ainda mais em política internacional na maioria das vezes os verdadeiros objectivos são ocultados e lançam-se argumentos mais digamos aceitáveis, mais nobres. É a real politik em acção! Lembremos tudo o que se disse e escreveu por analistas políticos e militares.

Mas como a realidade da guerra tem sempre duas faces e ambas têm de ser mostradas vamos ao que interessa que o texto já vai maior do que aquilo que estava previsto.

http://www.youtube.com/watch?v=MCmFiGc10y4
http://www.youtube.com/watch?v=h316u3y3Lzk
http://www.youtube.com/watch?v=Jzp25NCZyb0
http://www.youtube.com/watch?v=uV-05i6InHo
http://www.youtube.com/watch?v=T3BURB5-Jlk
http://www.youtube.com/watch?v=lnN56hnU_xA
http://www.youtube.com/watch?v=quG-jBDOOQA
http://www.youtube.com/watch?v=IQBe3fvSa_4
http://www.youtube.com/watch?v=RhkcKv9L71Y
http://www.youtube.com/watch?v=3mzvVdJ5Xdo
http://www.youtube.com/watch?v=gx-PV13wHHw
http://www.youtube.com/watch?v=8q1G62tY6q0
http://www.youtube.com/watch?v=Q6TiYm2QpfA
http://www.youtube.com/watch?v=6H_4NpRf1XU
http://www.youtube.com/watch?v=4kLK2IMyJWA

quinta-feira, junho 07, 2007

A RESISTÊNCIA IRAQUIANA - UM TRIBUTO


Volto aqui a um tema que me é caro apesar de já há algum tempo não publicar qualquer artigo sobre esta matéria até ter encontrado hoje este sublime e bem elucidativo video sobre o Iraque.

Leiam o que eu tenho escrevido sobre este tema e depois vejam as imagens e leiam o que é dito no filme. Se não sabem francês é bom estar munido de um dicionário francês-português.


Resistência Iraquiana - EU APOIO!

E SE FOSSE PORTUGAL? O QUE É QUE TU FAZIAS? EU NÃO TENHO DÚVIDAS!

E SE FOSSEM OS EUA? O QUE É QUE ELES FARIAM? TAMBÉM NÃO TENHO A MAIS PEQUENA DÚVIDA!


«Compreendo a reacção dos iraquianos. Eu também não gostaria de ver tanques estrangeiros em Copacabana!» - Sérgio Vieira de Mello


Sérgio Vieira de Mello, o representante especial da ONU, que fez um trabalho brilhante em Timor cometeu um erro grave - aceitar o cargo de Representante Especial das Nações Unidas para o Iraque. Pagou-o com a vida quando o quartel-general da ONU foi atacado. Curiosamente sabendo-se que haveria um elevada probabilidade deste ser um alvo priveligiado inexplicavelmente a segurança, responsabilidade do exército americano pura e simplesmente não existia. Será que a ONU e Vieira de Mello eram um embaraço para Bush e a segurança foi descurada de propósito? Será que a ONU e Vieira de Mello, em particular, tinham que pagar as palavras por este proferidas? Dias depois a ONU saía do Iraque e nunca mais houve nenhum representante especial...

Achando-se donos e senhores do mundo e que tudo poderem, os EUA e Bush não tiveram pejo em invadir o Iraque para derrubar o ditador que, curiosamente tinham apoiado no passado mas que entretanto se tinha tornado num incómodo para as suas aspirações geo-estratégicas na região. O seu infortunio foi não só não esperar encontrar uma resistência feroz e implacável que entretanto se organizou após a queda do ditador que não lhes permite sacar os bens iraquianos e fazer negócios... das arábias como pensariam fazer como em vez de fazer diminuir a influência da Al Qaeda aumentaram-na exponencialmente. E ainda se dizia por cá completamente embevecidos tanto na comunicação social que merecemos como nos geniais comentadores e responsáveis políticos e militares da República que nos impingiram há quase um século que os estrategas do Pentágono são brilhantes.

Agora brilhante, brilhante, como diz o outro, lá está, é o video que vos apresento. Só deixo um apelo: VEJAM-NO COM O SOM LIGADO - a banda sonora é cinco estrelas, per-fei-ta!

Agora senhoras e senhores cliquem em: