sábado, maio 17, 2014

Sessenta e cinco anos depois, Torrão volta a associar-se à tragédia de Superga

 Sessenta e cinco anos depois da tragédia de Superga que vitimou toda a equipa do Torino quando esta regressava de Lisboa, onde disputou um jogo amigável frente ao Benfica, o Torrão volta a associar o seu nome ao infausto acontecimento que teve lugar naquela trágica tarde do dia 4 de Maio de 1949.




Excerto (parte final) do filme «Il Grande Torino», de 2005, realizado por Cláudio Bonivento


A ideia de homenagear a malograda equipa teve lugar expontaneamente já na noite de Quarta-feira, dia 7 de Maio, depois deste vosso amigo e escriba (amado por uns, odiado por outros) saber que um amigo das lides «blogsféricas» e «facebookianas», Barreiros, indefectível benfiquista (e também monárquico, como eu e com muito orgulho), iria a Turim ver a final entre o Benfica e o Sevilha. Soube-o resultante do alarido que ele entretanto fez no «face». Ao ver isso, fez-se luz. E se... Entrei em contacto com o Zé perguntando-lhe se iria também a Superga. Perante a resposta positiva logo lhe perguntei em seguida se teria a amabilidade de levar um galhardete do Torino Torranense - o Zé, como grande benfiquista que é, conhece a história do seu clube e naturalmente este infeliz episódio e por consequência também conhece o Torino Torranense. Na verdade já antes tínhamos trocado umas impressões sobre essa matéria.
Perante a resposta afirmativa, havia que conseguir um galhardete do Torino (do Torrão) rapidamente. O tempo escasseava. Quinta-feira era o único dia possível para enviar pelo correio o galhardete ao Zé sob pena de ser tarde demais. No dia seguinte, logo pela manhã, fui procurar o Presidente da Junta de Freguesia do Torrão - a junta é agora a fiel depositária do espólio do Torino  depois do clube ter ficado sem corpos sociais. 
O Presidente Virgílio, depois de saber do que se tratava, prontificou-se de imediato a colaborar no que fosse preciso.
Foi pela hora de almoço que nos deslocamos os dois ao recinto do Torino Torranense e apanhamos um galhardete. Com tudo pensado, logo lhe disse para escrever uma dedicatória no verso do galhardete e tudo isso de máquina fotográfica em riste, como é bom de ver. Depois foi só ir ao posto de correios do Torrão e despachar «rapidamente e em força» a encomenda via correio azul para Lisboa com a previsão de que esta chegaria Sexta-feira, dia 9 de Maio - ainda antes de fim-de-semana, portanto.
É imperioso referir que os objectivos desta iniciativa são apenas dois e muito claros e inequívocos. Em primeiro lugar, prestar mais uma vez a justa homenagem à malograda equipa de Turim, sessenta e cinco anos depois da tragédia e em segundo lugar, dar a conhecer aos adeptos do Torino, aos habitantes da cidade de Turim e mesmo a todos os italianos e demais pessoas das mais variadas nacionalidades que ali se desloquem, que existe uma pequena terra chamada Torrão, lá em Portugal, numa região chamada Alentejo que foi tocada pela tragédia e que logo ali na hora soube estar à altura das circunstâncias, tendo um gesto muito nobre, muito digno, simples e muito bonito, homenageando aqueles que pereceram depois de terem vindo a Portugal num gesto de homenagem a um jogador português, concedendo a honra - póstuma, é certo - de colocar o nome do Torino no emblema do seu clube e que sessenta e cinco anos depois não esqueceu.
Termino, naturalmente, este artigo, com um enorme agradecimento e enviando um forte abraço, em primeiro lugar ao Zé, o «emissário» que teve a amabilidade de tornar possível levar este pequeno gesto a bom porto, tendo ainda a gentileza de tirar fotografias e enviar-mas. O meu agradecimento também e como não podia deixar de ser ao nosso ilustre Presidente da Junta de Freguesia do Torrão, o meu caro amigo Virgílio Silva - apesar de alvo de algumas críticas aqui (e muitas ainda certamente virão) mas também elogios, pois essa é a essência da democracia, sabendo-se sempre que aqui apenas interessam questões políticas e nunca questões pessoais. Agradecimentos estes que, tomo a liberdade de considerar, não serão apenas e só meus mas extensíveis a todos os torranenses.
Um grande bem-haja a todos.

O Presidente da Junta de Freguesia do Torrão, Virgílio Silva, nas imediações do campo Barreira Guedes, casa do Torino Torranense, com o galhardete do clube, que havia de seguir para Itália



Virgílio Silva escrevendo a sua dedicatória no verso do galhardete



Paulo Selão, escriba do blog Pedra no Chinelo e autor da ideia de homeagear o Torino, no posto de correios do Torrão, pronto para enviar o galhardete do Torino Torranense para Lisboa de onde seguiria para Itália







Em memória da maior equipa de todos os tempos - Torino!
Eterna saudade
Junta de Freguesia do Torrão
Virgílio Silva
8/Maio/2014
Presidente da Junta de Freguesia do Torrão
Alcácer do Sal
PORTUGAL



Com esta pequena nota, presto também a minha homenagem ao grande Torino.
4.V.1949 - 4.V.2014
Paulo Selão


A Basílica de Superga

Memorial à tragédia de Superga. Placa evocativa onde estão inscritos os nomes de todos os passageiros do malogrado voo que perderam a vida neste lugar na tarde de 4 de Maio de 1949










O emblema do Torino Torranense passa agora a figurar entre as demais lembranças e objectos evocativos junto ao Memorial de Superga

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