quarta-feira, outubro 11, 2017

Conversas Subversivas 25





É dito amiúde de forma abusiva na comunicação social, relativamente à abstenção, que x% os portugueses não se deslocaram às urnas deixando implícito que foi simplesmente «marimbismo». Mas será mesmo assim?
Muitos são os que vão na tese de que votar é um direito e um dever e que quem não vota não tem o direito de emitir opinião. O que se pretende é lançar o ónus sobre o eleitorado - como se a classe política estivesse isenta de culpas. Mas seja como for, será o acto de votar (ou não) que confere essa legitimidade (ou falta dela)?
Seja como for, uns fazem-no como meras caixas de ressonância, outros fazem-no, com interesse na matéria e de forma muito pouco inocente procurando calar vozes incómodas e livrar-se de outsiders
Os mesmos que vociferam contra os abstencionistas são os mesmo que não combatem a abstenção; bem pelo contrário: fomentam-na. Aqueles que dizem que vão votar e que não se abstêm mal sabem que são abstencionistas crónicos que quebram a sua inacção participando pontualmente - no acto do voto - esgotando de imediato a sua participação. O pior é que vota às escuras. Mas é justamente isso que as eminências pardas querem. Mal sabem que estão a ser manipulados e a legitimar sabe Deus o quê.



“Não há pior analfabeto que o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguer, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais”.
Bertolt Brecht; 1898-1956

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